terça-feira, 21 de setembro de 2010

Premio do Concurso do Memorial aos estudantes Mortos e Desaparecidos na Ditadura Militar

Por Luíza Sertã 

Foi com muito entusiasmo que os amigos Alice Matos de Pina, Felipe Freire Moulin, Fernando Cunha, Natália da Cunha Cidade, Tales de Paula Souza e Vitor Halfen Moreira se uniram para desenvolver o projeto proposto no concurso Memorial dos Estudantes Mortos e Desaparecidos na Ditadura Militar, promovida pela FAU, EBA e pelo Comitê Organizador do Plano Diretor. A animação foi fruto de uma certa liberdade do programa proposto, além da chegada das férias, o que significava tempo hábil para estudar e concretizar as várias idéias e conceitos que foram aparecendo. 

        Para dar início ao trabalho de uma forma dinâmica, foi proposto entre o grupo que cada um dissesse rapidamente o que o tema lhe representava ou qual sensação trazia. E foi a partir dessas palavras que conseguiram formar um conceito a ser desenvolvido. Algumas palavras norteadas foram interrupção, morte, vida, silêncio e calabouço.

        Foram longas discussões durante as férias e muito trabalho realizado, o que deu sustentação concreta à idéia inicial, além de uma importante colaboração da professora Beatriz Santos Oliveira que retocou as propostas. Tudo isso acompanhado de muita maquete, forma de visualização mais real. 

        O trabalho foi baseado em conceitos e sensações, e nesse aspecto não faria sentido apenas contemplar o memorial. Seria necessário integrar e envolver as pessoas de forma que elas também “sentissem” o espaço e tudo aquilo que era desejado que ele representasse.

        A todo momento era necessário rever e repensar em tudo o que já havia sido desenvolvido para firmar as bases conceituais do projeto. E foi em um desses momentos que eles perceberam que estavam representando apenas o lado negativo que a ditadura militar trouxe.

        Começaram, então, a desenvolver um conceito oposto ao anterior, que com a idéia de abismo (buraco), representava a morte, e passaram a pensar em elementos que se projetavam para o alto (“brotando” do chão) relacionados à vida. A partir daí, passaram a pensar em hastes verticais para representar os estudantes e com diversas discussões e reflexões a respeito dessa nova idéia elaboraram o projeto.

        O passo final foi a elaboração das pranchas para a apresentação do projeto, de maneira que essas representassem, com clareza, o conceito por trás do projeto. Faltando três dias para a entrega, o grupo se reuniu e, em meio à festa de despedida (pois os integrantes do grupo Natália Cidade e Fernando Cunha viajariam para fazer intercâmbio respectivamente em Toulouse e Rennes e uma seqüência de noites viradas, conseguiram terminar o trabalho. Daí em diante era só esperar o resultado.

        E apesar da sensação de trabalho bem feito, a espera pelo resultado gerou uma mistura de ansiedade e expectativa. Quando finalmente veio o resultado, foi só felicidade, e a certeza de que conseguiram passar exatamente o que haviam proposto.

        Se eles vão fazer de novo? Com certeza!!! Se eles vão manter o grupo? Sim!!!
        Com uma ótima dinâmica de grupo e excelentes resultados eles pretendem participar de outros concursos futuramente. Quem sabe eles não aparecem por aqui de novo???

2 comentários:

Desdobramentos disse...

Tem algo muito parecido em Inhotim, de autoria do artista Chris Burden

http://www.inhotim.org.br/arte/obra/view/355

O edital do concurso não levava em consideração a originalidade do projeto enviado ao concurso?

miojo disse...

Caro Sr. Desdobramentos,
Nos poucos anos que tenho como aluno de arquitetura na FAU-UFRJ aprendi uma coisa importante que tem me guiado enormemente:
Arquitetura é a soma das muitas referências arquiteturais e cotidianas que adiquirimos. Assim, reinterpretamos e adaptamos às necessidades específicas de cada projeto.
De fato, a instalação de Chris Burden em Inhotim ( muito interessante ! ) foi umas das referências para o nosso projeto de memorial. Mas isso não me inquieta nem um pouco; Se considerarmos, por exemplo, que o nosso mestre da invenção espontânea, Le Corbusier foi beber na fonte de arquitetos e artistas de sua própria geração, como Victor Horta, Adolf Loos, Theo Van Doesburg. Ou então de seus antepassados, como Ledoux, toda arquitetura do oriente médio e até mesmo o gregos com seus templos !objetos contemplados em harmonia com a natureza.
Realmente, originalidade é importante, mas sem olhar pros lados vamos acabar arquitetos um pouco limitados.

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