terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Concurso do Memorial: Com a palavra, todos os ganhadores

Por Naylor Vilas Boas   

Por ocasião da divulgação dos resultados do Concurso para o Memorial dos Estudantes Mortos e Desaparecidos na Ditadura Militar, publicamos no final de setembro um pequeno texto feito a partir de uma conversa que tivemos com o grupo ganhador. Agora, concluindo o processo de divulgação desse concurso que muito movimentou os alunos, abrimos espaço para que os outros projetos contemplados com premiações ou menções honrosas sejam também conhecidos, atendendo à sugestão dos alunos participantes. 

Para isso, pedimos a cada um deles para escrever e nos mandar um breve memorial explicando o projeto, além de uma imagem que representasse com clareza suas ideias. Depois de alguma demora, é o que apresentamos a seguir.

Boa leitura!


Primeiro lugar
Alice Pina, Felipe Moulin, Fernando Cunha, Natália Cidade, Tales Souza e Vitor Halfen


O projeto para Memorial dos Estudantes Mortos e Desaparecidos pela Ditadura Militar pretende, mais do que homenagear a luta por cidadania em tempos de violência e repressão, provocar o estranhamento e a reflexão a respeito dos muitos significados que um período de assalto aos ideais e justiça social e liberdade possui. O espaço projetado é o espaço da memória: evoca imagens nas quais o passado, e também o presente, não cessam de se reconfigurar, imagens que só se tornam pensáveis.


Segundo lugar
Jonas Delecave, Patrick Gomes e Pedro Vitor Chaves


A proposta objetiva criar um espaço intenso de rememoração e homenagem, ao mesmo tempo em que se insere na vida cotidiana da ilha do Fundão. As duas árvores e os dois planos de concreto propostos evitam a distinção entre dentro e fora, convidando o transeunte a atravessar e se relacionar com o memorial. O plano menor traz inscrito um histórico resumido sobre o regime militar, enquanto o maior apresenta 504 cilindros bicolores rotacionáveis, representando cada uma das vítimas em todo o país, com destaque para os 29 universitários fluminenses, cujos cilindros seriam os únicos a trazerem nome e biografia da vítima. Com a possibilidade de rotação dos cilindros, a idéia é que tanto o vento quanto os transeuntes possam interferir no posicionamento das peças, gerando sempre novos arranjos aleatórios ou mesmo compondo palavras e figuras. A possibilidade de intervenção plástica e simbólica dota a obra de novas possibilidades, pouco usuais no cotidiano da arquitetura.


Terceiro lugar
Caio Calafate, Pedro Varella e Vitor Garcez



O projeto para o Memorial dos Estudantes Mortos e Desaparecidos na Ditadura Militar acredita nos espaços de encontro, reunião como algo pertencente à essência do movimento estudantil, O projeto toma a árvore - ipê amarelo - como geratriz conceitual e estruturadora, sendo esta o elemento capaz de tornar o Memorial um espaço marcante, poético e agradável. A árvore simboliza a vida e a continuidade. É ao mesmo tempo memória e metamorfose, enraizada e cíclica. Representa o que desse Memorial mais se espera, a invenção, a originalidade, o novo e a transformação. Sua presença será sinalizada pela mudança de estação; sua sombra confiará ao Memorial o acolhimento essencial. Está assentada sob o solo rebaixado, compondo com vinte e nove luzes distribuídas geometricamente pelo piso um mosaico representativo dos estudantes mortos, sendo o trigésimo elemento, aquele que representa todos outros milhares de mortos no período da ditadura.


Menção Honrosa
Ana Karina Larangeira e Juliana Chaves



A ideia de fazer um monumento, sem dúvidas mexeu com os mais íntimos de nossos sentimentos. Um monumento àqueles específicos estudantes que vivenciaram e superaram a ditadura se eternizando em sua memória... Nossos sentimentos teriam de ser então pós-ditadura. E foi o que conseguimos representar na consciente idéia de relacionar a tão almejada e estimada liberdade a esses verdadeiros guerreiros. E quem de melhor representa a liberdade, senão um pássaro? Uma ave que voa livre pelos horizontes sem ter medo de vencer a altura... Que impõe bravura àqueles que cortam as suas rotas... E respeito àqueles que superam. Nessa bravura que nos inspiramos, propondo um monumento que nasce da escuridão e do fervor da saudade, voando rumo à liberdade, enfim encontrada. Uma lápide infinitamente negra, de um nobre material, granito, se desprende do chão pelas perseverantes e rígidas garras de aço de uma guerreira ave vermelha, da cor do sangue, que direciona ao horizonte os nomes daqueles que um dia tombaram, e que hoje enfim encontraram seu voo livre e infinito na história, seguindo rumo ao céu azul, numa representação sublime da trégua, após tamanhas guerrilhas. Foi porque lutaram pela liberdade, que foi derramado o seu sangue... E foi também porque lutaram que foram resgatados por um pássaro ao alçar voo... O voo da liberdade.


Menção Honrosa

Juliana Barroso e Marcelo Rosa



O projeto do memorial tem como objetivo relembrar a luta dos estudantes pela liberdade e pela igualdade, homenagear a memória daqueles que deram sua vida por uma sociedade mais justa e marcar a praça como local de importância da resistência estudantil. Nessa linha de ação, a proposta de intervenção no terreno prevê um monumento em forma de escultura, um espelho d'água, arborização, bancos e mesa. Procurou-se estabelecer uma relação amigável entre o espaço e o entorno preservando as relações visuais e de escala existentes, assim como uma inserção harmoniosa criando um espaço público agradável.

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